Secretaria de Educação abre sindicância para apurar esquema de venda de diplomas

Esquema foi revelado pela equipe de reportagem do RJ1/Globo. Um falso supletivo que vende certificados pela internet envolve funcionários da Secretaria de Educação do RJ.

 

A TV Globo/RJ1 descobriu um esquema de venda ilegal de certificados de conclusão escolar. O serviço é oferecido pela internet, pela página Supletivo Rápido Nacional. Os alunos nem precisam assistir às aulas ou fazer provas.

A partir do primeiro contato pelo site, a empresa envia o material pelo WhatsApp para tirar as dúvidas sobre o pacote. O documento diz que todas as cidades e estados do Brasil são atendidos e que todo o procedimento é sem realizar aulas e provas.

O pacote de ensino fundamental custa R$ 480, e o do ensino médio, R$ 790. Os dois juntos ficam pouco mais de R$ 1 mil. De acordo com a empresa, o cliente precisa enviar a documentação e um sinal de 20%. O restante só é pago depois que a pessoa recebe os certificados.

Uma mulher, que não quis se identificar, confirmou que conseguiu toda a documentação de conclusão do ensino médio.

“Não precisa fazer prova não. É pagou, recebeu. Tem que chamar o Guilherme do supletivo e ele vai te orientar, vai te falar os valores e você vai pagar”, explica ela.

“Se você der entrada, ele vai te mandar PDF com a marca d’água, número de documento. Se tiver algo errado, você avisa ele. Estando tudo certo, ele te manda o PDF original e depois vai mandar pra sua casa”, completa.

O homem citado na gravação é Guilherme Fonseca, que se identifica como coordenador do curso. Por mensagem, ele diz que por causa da alta demanda de alunos, é preciso ter paciência e compreensão.

A equipe de reportagem tentou contato por telefone, mas não foi atendida.

Toda a documentação da empresa leva o CNPJ da Associação Apoio Colégio Estadual Frederico Azevedo. A escola fica na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

Além do coordenador, outras três pessoas aparecem ligadas à empresa.

A secretária de Educação Patrícia Reis prestou queixa na polícia contra o esquema. O depoimento dela durou mais de uma hora.

“A secretaria, assim que tomou conhecimento do fato, providenciou registro na delegacia para apuração e responsabilização dos autores. A secretaria repudia e sempre que tomar conhecimento vai agir da mesma forma, providenciar registro para fim de apuração”, afirma ela.

A Delegacia de Defraudações é responsável pela investigação.

“Totalmente ilegal. O certificado para ter validade a pessoa tem que ter frequentado o curso. Tem que ter preenchido a burocracia natural. Os crimes que estão sendo apurados são associação criminosa e estelionato. Todo mundo que participou da falsificação responderá pelos crimes investigados e é esse o objeto do inquérito”, diz o delegado Alan Luxardo.

O delegado explica que as pessoas que compraram também podem ser responsabilizadas.

“Tanto quem falsificou quanto quem comprou pratica crime. Não há alívio de nenhum dos lados, todo mundo que participa responde”, completa.

Uma especialista em educação acredita que, além de cometer um crime, a pessoa que compra o diploma também é enganada.

“Agora, quem vende esse tipo de certificado não só está contra a lei, mas também está vendendo uma ilusão. As pessoas podem até usar o diploma pra entrar no mercado de trabalho, mas vão acabar não conseguindo permanecer porque esse mercado exige competências e habilidades que são desenvolvidas, justamente, na educação básica”, afirma.

Duas servidoras dizem terem sido vítimas de falsificação de documentos.

De acordo com a Secretaria de Estado de Educação, uma sindicância foi aberta para apurar o caso.

(DA REDAÇÃO \\ Guth Gutemberg)

(INF.\FONTE: Agencia BR \\ Eduardo Tchao \\ Lucas Soares \\ Jefferson Monteiro)

(FT.\CRÉD.: Rede Globo \\ TV Globo)